07-03-2015: A despedida do Chancho – Panamá


29 de março a 10 de maio de 2014  - Escrito por: Carson

Atravessamos a fronteira e entramos no Panamá já no final da tarde e por isso decidimos viajar apenas até a cidade de David antes que escurecesse. Na fronteira, acabamos dando carona para dois surfistas espanhóis. Como já éramos apenas duas pessoas no Chancho, havia espaço para ajudar outros companheiros de estrada.

Passamos a noite no estacionamento de um supermercado. No dia seguinte, seguimos viagem para a cidade curiosamente chamada “Boquete” – calma, não é o mesmo significado em espanhol…
Depois de sofrer com tanto calor e umidade em Costa Rica, Boquete foi uma surpresa maravilhosa, porque o clima era fresco e arejado. Nós caminhamos por alguns belos jardins de flores na cidade e também começamos a anunciar a venda do motorhome na internet, através de cartazes que colamos nas janelas. Já que apenas a Thays iria continuar a Expedição após o Panamá, o motorhome não era mais uma forma viável de viagem, devido aos custos e à dificuldade e ao preço altíssimo para transportar ele em um navio do Panamá até a Colômbia, pois a “Darian Gap” não permite a travessia por terra, não há estradas apenas selva.
Boquete - Panamá

Boquete – Panamá

Deixando Boquete, nos dirigimos para Bocas del Toro na costa do Caribe, parando no Hostel Lost and Found no meio do caminho. Situado no meio da floresta nublada, o hostel tem belas trilhas e vista exuberante. Vários amigos que tinham passado por ali haviam recomendado que nós fizessemos uma parada e com certeza valeu a pena. Já no caminho para Bocas del Toro, Carson recebeu a primeira (e única) multa de trânsito em toda a viagem. De acordo com o guarda, havíamos ignorado três placas com o limite de velocidade e estávamos acima dele enquanto passávamos por um hospital. Como ele já tinha escrito metade da multa quando chegamos até ele, os incríveis poderes de persuasão da Thays não puderam ajudar a evitar a multa dessa vez.
Pegamos um pequeno barco para a Isla Bastimentos onde passamos dois dias desfrutando da hospitalidade de nossa pousada e relaxando por algumas horas na praia e praticando snorkel. Alguns amigos austríacos hospedados na pousada voltaram de uma pescaria e cozinharam um delicioso jantar com os peixes pescados para nós, no que foi uma das melhores refeições de toda a viagem! Isla Bastimentos foi um lugar muito difícil de deixar, mas nós voltamos para David para seguir para nosso próximo destino, não sem antes encher nosso tanque de gás para a cozinha.
Peixe para o Jantar!

Peixe para o Jantar!

Como chegamos à fábrica tarde demais, tivemos que passar mais uma noite no estacionamento do supermercado. Naquela noite ouvimos uma batida na porta do carro. Era um casal de canadenses muito simpático e meio loucos, também viajando em um carro-casa e que nos passaram um monte de informações muito legais para viajar pelo Panamá. Na manhã seguinte, enchemos o botijão interno do carro com o gás propano e reacendemos nossa geladeira (que era a gás). Quando voltamos pra estrada, sentimos um cheiro forte de fumaça e acabamos voltando para o estacionamento. Chegando lá descobrimos que a placa debaixo da geladeira estava pegando fogo! Conseguimos apagar o pequeno incêndio sem problemas, mas ficamos com medo de acender o gás da geladeira novamente. Graças a Deus nada mais aconteceu e conseguimos resolver o problema e não tivemos nenhum outro incidente.
Nossa próxima parada foi Santa Catalina, onde fomos fazer um mergulho na reserva da ilha de La Coiba. Acabamos reencontrando por acaso com o Pierre e a Marianne e passamos uma boa noite conversando. Nós tivemos uma grande experiência de mergulho nas ilhas e conhecemos muitas pessoas maravilhosas, incluindo a holandesa Saskia, que acabou se juntando a nós por alguns dias de viagem.
Nós três nos dirigimos até La Yeguada, uma represa de abastecimento em uma reserva florestal. Uma cachoeira deliciosa, o belo lago e o clima fresco foram uma pausa bem-vinda para nós. A Thays nos ensinou como fazer suco de caju fresco (que não é muito conhecido fora do Brasil) e paramos várias vezes ao longo da rodovia para pegar os cajus das árvores carregadas. Passamos também por Los Santos para uma grande feira agrícola. A cidade estava cheia de pessoas e quando entramos num posto de gasolina para perguntar sobre onde poderíamos estacionar e passar a noite, um homem amigável e generoso veio nos oferecer sua garagem e uma tomada para conectar na eletricidade pelas  próximas noites. Nós desfrutamos das exposições e das comidas deliciosas e aproveitamos para comemorar o aniversário da Thays na feira.
Colhendo cajus!

Colhendo cajus na estrada!

Depois de nos despedirmos da Saskia em uma parada de ônibus fomos para a Cidade do Panamá, para a nossa reunião com os representantes do Movimiento Juventud Kuna, da nação indígena que vive na região de San Blas, ilhas próximas à costa do Panamá. Em nossa reunião conhecemos alguns dos membros da liderança Kuna e membros do congresso, assim como outros Kuna que se tornaram nossos bons amigos. Duas pessoas especiais foram Oloniwinapi e Yamilka, que apenas 15 minutos depois de nos conhecer já ofereceram um lugar para estacionarmos o carro na sua casa pelas próximas semanas. Parte do nosso tempo trabalhando com os Kuna foi na ilha de Akuanusadup, também conhecida como Corazón de Jesus, em espanhol. Lá a Thays ofereceu um workshop para a criação de sites para os jovens da escola da comunidade.
As nossas últimas semanas no Panamá foram uma loucura, ou mais precisamente um pesadelo! Tivemos vários problemas mecânicos no motorhome e muito trabalho para conseguir vendê-lo. Foi uma grande dificuldade encontrar um comprador, apesar das muitas pessoas que se mostravam interessadas. Além do stress e da pressa em vender o carro para que o Carson pudesse voltar pra casa e para a Thays seguir viagem, precisávamos obter toda a documentação necessária para nossa saída do país após a venda. Foram dias de desespero, passamos por nada menos que 5 mecânicos diferentes, gastamos centenas de dólares e até fomos obrigados a dormir uma noite no estacionamento de um McDonalds onde fomos usar a internet e onde o Chancho decidiu quebrar e não ligar mais.  Tudo acabou dando certo quando finalmente encontramos uma família que comprou o nosso querido Chancho. Apesar da tristeza, nos despedimos do motorhome que foi nosso lar pelos últimos 8 meses e também nos despedimos um do outro.  Carson encerrou sua participação na Expedição Mutare e  Thays seguiu seu caminho rumo à América do Sul!
Despedida do Chancho

Despedida do Chancho

No próximo artigo contaremos mais sobre o Movimiento Juventud Kuna e o trabalho que fizemos com eles!