19-03-2015: Cruzando o noroeste Argentino


Cruzar a fronteira da Argentina foi de certa maneira um alívio. Por mais que eu ache a Bolívia um dos países mais lindos e interessantes da América Latina, estava cansada da rotina difícil que é viajar por um país com tamanha falta de infraestrutura.
Logo ao cruzar a fronteira tive a sorte de conhecer uma turista alemã, Angela, que tomou o mesmo ônibus que eu e que acabou mudando seus planos de viagem para me acompanhar. Ambas estávamos viajando há muito tempo, eu a há um ano e ela há 7 meses, e nós duas estávamos cansadas de ficar sozinhas nos últimos dias. Nos entrosamos extremamente bem e decidimos viajar juntas pelas próximas semanas.
Pegamos caronas, cozinhamos, nos perdemos, demos risada. Foi uma grande aventura enquanto seguíamos rumo ao sul pelo surpreendente norte da Argentina. A região tem incríveis formações rochosas e é extremamente acessível financeiramente. As pessoas são gentis e seguimos viagem até que chegamos ao ponto onde cada uma seguiria seu caminho , eu estava indo para Santiago do Chile trabalhar com uma ONG e ela para Buenos Aires, Argentina.
Como o Chile e a Argentina são países de extensão territorial  bem longa e com uma fronteira extensa, o mais fácil é viajar cruzando entre os países o tempo todo. Por isso, planejei minha rota para chegar ao próximo projeto passando pelo norte da Argentina que o custo de vida é extremamente mais barato que o norte do Chile e planejava continuar assim até a Patagônia.
O momento em que mais me alegrei por ter escolhido esse caminho foi quando viajei de Mendoza, na Argentina para Valparaíso, no Chile. O ônibus cruza a fronteira pelo Paso de los Libertadores e a estrada atravessa um dos trechos mais deslumbrantes da cordilheira dos Andes. Já havia passado por lá no verão em minha primeira viagem pela América Latina em 2009 e dessa vez, tive a sorte de sentar no primeiro banco do segundo piso do ônibus com uma janela enorme na minha frente para admirar as montanhas gigantescas cobertas de neve, assim como o Aconcágua, o pico mais alto de toda a América.
Cheguei a Valparaíso, de volta à costa do Oceano Pacífico e pude visitar em Isla Negra a casa do poeta Pablo Neruda, enquanto esperava o dia em que uma amiga podia me receber em sua casa em Santiago. Era uma grande alegria retornar ao Chile, o primeiro país que visitei além do meu e que me fez apaixonar-me por essa vida de mochileira e principalmente por essa bela América Latina.