13-09-2013: Guanajuato colorida e Jalpan verdejante


Guanajuato é uma cidade muito pitoresca. São muitas ruas estreitas e uma infinidade de túneis abaixo das construções por onde nosso grande motorhome não passaria. Por esse motivo resolvemos deixa-lo no alto das montanhas e tomamos um ônibus até a cidade para passar o dia explorando o mercado central e as pequenas vielas com seus comércios e restaurantes instalados em construções multi-coloridas. Foi nosso primeiro dia como turistas, visitamos o mirante e o “Museo de las Momias de Guanajuato”, que abriga uma coleção de mais de cem corpos bem preservados devido às condições ambientais adequadas e que foram encontrados no Panteão Santa Paula. 

Depois de fazer compras para cozinhar no motorhome – sim, temos um fogão e tudo o mais necessário para cozinhar dentro de nossa casa ambulante! – nos dirigíamos para fora da cidade quando fomos deixados pelo ônibus no lugar errado: no meio da estrada em frente a Represa de la Esperanza em vez de Cuenca de la Esperanza! Estava ficando escuro e não sabíamos se devíamos tentar caminhar por umas duas horas até o lugar onde deixamos o carro ou procurar algum táxi. Por sorte, até agora as pessoas aqui no México tem sempre sido muito gentis conosco, e uma família nos ajudou a encontrar um ônibus que nos levaria de volta pra para casa!

Na manhã seguinte, finalmente batizamos nosso querido motorhome ao estilo peruano, como aprendemos quando fomos voluntários em Pisco: quebrar com um martelo uma garrafa de champanhe na porta da casa a ser batizada. Por razões de economia, batizamos com uma garrafa de cerveja pendurada na porta de nossa “casa sobre rodas”, batizando-a de Chancho (uma gíria para porco, em espanhol). Esse nome nos pareceu apropriado já que ele é grande como um porco e necessidade de muito gás (consumo de gasolina). Mas tentaremos não deixá-lo sujo como um porquinho…

Nosso próximo destino escolhido foi a “Reserva de la Biosfera Sierra Gorda”, no estado de Querétaro. A reserva é a área protegida com maior diversidade de ecossistemas no país e um exemplo de desenvolvimento sustentável, contando com grande participação social nas ações de conservação, razões que nos motivaram a querer conhecê-la. Nos dirigimos a Jalpan de Serra, mas como nosso querido Chancho foi mais devagar do que esperávamos nas estradas montanhosas, tivemos que passar a noite em uma pequena cidade no caminho, Cadereyta de Montes.  Essa parada inesperada acabou sendo uma alegria pois tivemos acesso a um chuveiro quente e wifi grátis, duas coisas um pouco raras para nós ultimamente!

Chegamos à bela Jalpan no meio da exuberante Sierra Gorda. Eu (Thays) fiz amizade com os policias, então eles nos disseram que poderíamos estacionar na própria praça central da cidade, pois eles se encarregariam de patrulhar o carro. Contratamos um passeio com o simpático guia local Dario, que também trabalha no museu da cidade. Ele tinha muito conhecimento para compartilhar, mas também um forte sotaque o que dificultou um pouquinho nossa compreensão em alguns momentos!  Visitamos a belíssima missão franciscana no centro da cidade, as ruínas Huastecas de Tancama, a poderosa cachoeira El Chuveje e o encontro dos rios Ayutla e Santa María. Nunca vi tantas borboletas na natureza! A região abriga centenas de espécies de animais, inclusive algumas ameaçadas de extinção como o jaguar e as araras verdes. Nos pareceu interessantemente o fato de que a transformação dessa zona em uma área de preservação foi uma iniciativa local, e não um decreto do governo mexicano. Dentro da reserva vivem mais de 638 comunidades que participam dos projetos realizados para a conservação da biosfera local.

No próximo post contaremos mais sobre o Grupo Ecológico Sierra Gorda, um modelo muito interessante de conservação participativa. Visitamos sua sede na manhã do dia seguinte, após dormir dentro de nosso Chancho no meio da praça da cidade de Jalpan, ao som das melodias que são tocadas pelos sinos da igreja e vigiados pela simpática policia local.