11-03-2015: Equador e suas surpresas


15 de junho a 14 de agosto de 2014 – Escrito por: Thays
Após a dificuldade na fronteira do Equador, segui viagem para a capital, Quito. Em 2012 havia passado alguns meses no país trabalhando para a ONG Pedal for Change e visitando vários projetos em diferentes cidades do Equador. Quito era minha base e lá eu fui muito bem recebida por minha amiga Rayna que gentilmente me hospedou na sua casa. Ela não tinha cama, então acabei dormindo no chão mesmo em um tapete de yoga com um saco de dormir. Estava tudo ótimo pois eu estava economizando dinheiro e tinha companhia, mas confesso que não foi o lugar mais confortável para repousar durante os 3 dias que fiquei doente de cama, sem poder comer direito ou mesmo levantar. Mas Rayna cuidou de mim.
Foi muito bom poder reencontrá-la depois de tanto tempo, assim como outros amigos. Ela é a fundadora da Pedal for Change e por isso tinha muitos contatos com organizações no país, o que acabou ajudando imensamente. No Equador, a Expedição Mutare já possuía uma organização parceira em uma cidade no norte do país, porém, devido a alguns problemas, o voluntariado já não poderia ser feito lá no mês em que eu estava no país. Foi aí que Rayna me sugeriu trabalhar com a Sinchi Warmi, uma cooperativa social de mulheres indígenas na Amazônia equatoriana. Entramos em contato com elas e conseguimos definir uma data para a visita da Expedição! Foi um alívio e uma emoção, pois eu teria a oportunidade de trabalhar com comunidades indígenas que tem tanto a ensinar à nossa sociedade ocidental moderna.
No caminho para a Amazônia, passei por Baños, uma cidade no meio das montanhas conhecida por seu esporte de aventuras. Estando lá, não podia deixar de praticar Rafting, algo que sempre quis fazer e além do mais é extremamente barato no Equador. Eu queria bastante aventura, e assim foi. Como tudo estava muito calmo durante o passeio e eu fiquei um pouco frustrada, quando tive a oportunidade de ser deixada fora do barco junto com outro turista por um tempo, aproveitei para nadar. Eu não sabia que iria me arrepender disso quando o barco teve que se apressar para ir buscar meu companheiro que estava indo rápido demais e se aproximando das corredeiras. Eu, ali no meio daquele rio imenso comecei a ser carregada pela correnteza e passei por alguns trechos complicados onde perdia o controle para onde era levada. Aquilo durou apenas alguns minutos, mas pareceu muito mais. Logo, o bote retornou e me resgatou.
O que eu não sabia era que algo mais assustador ainda estava por vir. Em uma das próximas corredeiras, o barco virou e eu e as outras pessoas do meu lado do bote acabamos caindo nas pedras. Durante alguns segundos, eu sentia minhas costas golpeando uma rocha outra e outra vez, enquanto minhas pernas estavam presas dentro do bote e minha cabeça entrando e saindo da água, dificultando a respiração. Logo depois, alguém me puxou para dentro e a agonia acabou. E depois desse passeio, prometi pra mim mesma que nunca mais pedirei por aventura extra em uma situação assim. Nada grave aconteceu, mas os dias de dor nas costas e o hematoma enorme não me deixaram esquecer minha promessa.
Segui viagem para a selva amazônica, onde semanas de reclusão da sociedade e tecnologia me esperavam. Meu celular havia sido roubado no ônibus em Quito, o que me ajudou a desligar completamente do mundo e mergulhar de cabeça naquela experiência ainda mais. Mas dedicarei um post inteiro para falar sobre isso em breve.
Saindo de Misahuallí e da floresta, segui viagem rumo a Cuenca já ao sul do país. Descobri o bem que as pessoas podem fazer quando meu amigo Luiz no Brasil organizou uma ” vaquinha” na sua agência de publicidade, a Ampfy para comprar um celular novo para mim, já que era uma ferramenta útil no meu trabalho. Não tenho nem palavras para explicar como me senti com esse gesto e hoje sempre que olho para meu celular me lembro que ele é “feito de amor”.
Minha passagem pelo Equador chegava ao fim. E apesar de parecer horrível, na verdade foi muito boa. O país é incrível e suas pessoas também. Tem de praias paradisíacas a montanhas suntuosas e selva exuberante, em tão pequeno território. E o mais importante, saí de lá sentindo a força da amizade e do carinho das pessoas que te ajudam a enfrentar as dificuldades, mesmo quando você está em uma jornada desse porte sozinha.