20-03-2015: Visitando ONGs na Argentina


07/11/2014 a 29/11/2014. Escrito por: Thays

Seguindo a bússola apontando o norte, deixei Ushuaia para uma jornada de 2 dias seguidos de ônibus até chegar a Puerto Madryn. Meu grande desejo lá era avistar baleias francas que na primavera vem acasalar e dar a luz nas águas das costas argentinas. Consegui ver as baleias bem de perto, de barco e da praia. Uma das melhores sensações que já senti na vida.

Mas a região da Península de Valdéz tem outros atrativos a oferecer e é lar de outros animais: leões (lobos) e elefantes marinhos, pinguins e até tatus. E eu não pude perder a incrível oportunidade de nadar com os lobos marinhos nas águas geladas do Atlântico Sul. Assista no vídeo aqui!

De Puerto Madryn, segui viagem para Buenos Aires, capital da Argentina, para tentar encontrar uma ONG que pudesse me receber. Todos os meus contatos até agora não haviam dado muito resultado e como a atividade de organizações do terceiro setor é quase completamente concentrada na Capital Federal, lá eu teria mais oportunidades para realizar o voluntariado.

Ruas de Buenos Aires

Ruas de Buenos Aires

Na verdade passei semanas difíceis em Buenos Aires, mas acho que foi má sorte mesmo. Tive desde problemas com hostels (de limpeza até calor sufocante, barulho de madrugada e comidas jogadas fora) até quedas e desentendimentos na rua, pequenos machucados e um quase atropelamento. Mas acredito que o que me deixava mesmo um pouco pra baixo era a dificuldade em encontrar um projeto que quisesse me receber e trabalhar comigo.

Observei que grandes organizações do terceiro setor às vezes tendem a operar como empresas do setor privado, no sentido de que são menos dispostas a compartilhar informações e experiências. Desde seu início, a Expedição Mutare busca promover a cooperação entre ONGs e organizações comunitárias, com o objetivo de diminuir a curva de aprendizado e auxiliar o desenvolvimento do setor.

Percebi um pouco essa dificuldade de aproximação ao lidar com as organizações com as quais fiz contato na Argentina.Obtive a oportunidade de visitar algumas, mas não a chance de efetivamente trabalhar com elas. Fui recebida para entrevistar seus representantes e conhecer um pouco de seu trabalho, mas não havia um grande interesse em uma cooperação efetiva, talvez principalmente pela estrutura mais organizada e fechada, e até pela falta de necessidade de apoio.

A ONG Conciencia é uma grande organização argentina que realiza projetos em diversos estados do país. Conversei com a equipe encarregada de uma iniciativa que trabalha na cidade de Tigre contra o bullying nas escolas. Foram todos muito atenciosos e simpáticos, porém não compartilharam muitas informações específicas sobre o projeto como dificuldades ou até mesmo a metodologia usada.

Com as representantes da ONG Conciencia

Com as representantes da ONG Conciencia

A outra organização que visitei é a ” B-eco”. Uma fusão de ONG e empresa social, que une quatro iniciativas diferentes: A Greca, “empresa do sistema B” que têm como objetivo não apenas gerar lucro, mas também auxiliar na solução de problemas sociais e ambientais. No caso, utilizando materiais reciclados para a produção de peças de design. Também faz parte do grupo de projetos “La Bio Guia”, uma comunidade que possui mais de 8 milhões de seguidores no Facebook e que busca compartilhar práticas para promover um sistema enfocado em desenvolvimento sustentável e responsabilidade social.

A equipe da B-eco

A equipe da B-eco

Assim como a Bio Guia, há a Revista Ecomania, uma publicação sem fins lucrativos que busca difundir os conceitos de consumo responsável e empreendedorismo sustentável, abordando temas como alimentação, design e arquitetura, mobilidade, tendencias internacionais e iniciativas do terceiro setor. E a ultima parte da organização é a Greenbondi. Uma consultoria de estratégia e desenvolvimento de conteúdos vinculados com a sustentabilidade, que oferece seus serviços para empresas e governos em processo de uma transição para o desenvolvimento sustentável com o intuito de harmonizar interesses econômicos, sociais e ambientais.

>Por fim, observei nessas visitas um cenário parecido com o terceiro setor brasileiro. Mais desenvolvido e consolidado, profissionalizado e preparado para enfrentar os desafios de nosso setor. Porém, da mesma maneira ainda observo uma grande separação entre iniciativas, que tanto poderiam se beneficiar com a troca de informações e com a colaboração. Novas ideias de projetos surgem também daí, quem sabe não consigo implementá-las num futuro próximo!