19-03-2015: De volta à minha segunda casa – Peru


Voltar ao Peru para mim tem sempre uma sensação de “volta à casa”. Uma grande expectativa de reencontrar minhas famílias peruanas, comer a comida típica, escutar o sotaque nas conversas, os lugares familiares onde vivi e aprendi tanto.
Cruzei a fronteira de madrugada em uma sequencia de duas noites seguidas dormindo em ônibus para viajar de Cuenca no Equador até Cajamarca, no norte do Peru. Foi uma viagem bem exaustiva mas assim que cheguei à rodoviária de Cajamarca conheci Marion, uma francesa viajante. Acabamos compartilhando um quarto num hotel  e caminhamos juntas pela cidade e seus comércios na rua, experimentando comidas diferentes e descobrindo os costumes locais.
No caminho à capital Lima, parei para conhecer Caral, as ruínas da cidade mais antiga da América. O local é bem desconhecido e pouquíssimos turistas vão visitar. Andei em  muitos transportes alternativos e caminhei bastante até que consegui uma carona! O local vale a visita!
Chegando em Lima fui recebida muitíssimo bem por Angie em sua casa. Nos conhecemos quando ela trabalhava para a ONU em Pisco e fizemos alguns projetos em conjunto. Passei uma semana praticamente trancada na casa dela, colocando muito trabalho do projeto em dia, pois no meu próximo destino o tempo seria bem escasso.
Segui viagem para minha amada Pisco, cidade onde vivi por 1 ano e meio de 2010 a 2011, trabalhando como diretora operacional na ONG Pisco Sin Fronteras, organização criada para auxiliar o processo de reconstrução da cidade depois do terremoto que destruiu aproximadamente 85% de tudo o que os pisquenhos conheciam, incluindo suas casas, escolas, hospitais e negócios.
Em Pisco, fiquei hospedada na casa de minha querida “irmã peruana” Vitalina, com sua família. Uma das mulheres mais fortes que conheço Vitalina é um grande exemplo para mim. Ela é ludotecária na Ludoteca Juventud Alameda, um espaço de aprendizado e diversão para crianças e adolescentes de um dos bairros mais perigosos da cidade.
Passei as próximas semanas fazendo o trabalho de voluntariado com a Ludoteca e apesar de terem sido semanas de muita correria, tive a oportunidade de visitar as outras famílias que também sinto muito próximas. Há sempre muita emoção e lágrimas em cada vez que tenho a oportunidade de visitá-los e me sinto eternamente grata por ocupar um espaço tão especial no coração dessas pessoas que são muito importantes para mim.
Terminado o meu tempo em Pisco, tive que dizer adeus e seguir caminho rumo à Bolívia. Foram mais duas noites seguidas dormindo em ônibus, em que meus joelhos e coluna já não mais suportavam. Essa foi uma das mais difíceis despedidas do Peru para mim, já que dessa vez não sei quando voltarei a esse país que me acolheu e transformou minha vida e desencadeou profundas mudanças no meu destino que me trouxeram até aqui.
Gracias Peru y queridos amigos peruanos. Les voy a extrañar!