02-12-2013: Entrando na terra dos maias – Guatemala


Entramos na Guatemala pelo grandioso estado de El Petén. A uma distância relativamente curta da fronteira com o Belize estão localizadas as ruínas de Tikal. Nos haviam contado que as estradas na Guatemala estavam em péssimas condições, mas nos primeiros 20 km de caminho percorremos uma estrada perfeita… melhor do que qualquer uma na viagem até agora! Porém, a ilusão durou pouco: de repente o trecho asfaltado acabou nos próximos quilômetros nos chacoalhamos tanto que pensávamos que o Chancho ia começar a desmontar e perder peças pelo caminho!

Chegamos à reserva onde se encontra Tikal no final da tarde e como a taxa de entrada para as ruínas permite a visita por 2 dias, planejamos para passar a noite dentro da reserva e começar a exploração cedo pela manhã. Como a área para acampamento custava um pouco caro e o gramado estava muito fofo e lamacento devido às chuvas causando riscos de atolamento, decidimos apenas dormir dentro do carro no estacionamento mesmo. Depois que todos os ônibus de excursão foram embora, tudo estava extremamente escuro ao nosso redor quando começamos a preparar o jantar dentro do motorhome. Foi então que ouvimos uma batida na porta e um guarda fortemente armado nos disse que para ter o direito de acampar ali deveríamos pagar o mesmo que em qualquer uma das áreas de camping. Portanto, tivemos que abrir nossos bolsos e acabamos passando a noite na área de camping de um dos eco-hotéis localizados dentro do parque.

Na manhã seguinte, ao entrar na área das ruínas, nos deparamos com um sinal que alertava os visitantes sobre os grupos de macacos que às vezes podem ser agressivos com as pessoas e atiraram fezes para mostrar seu domínio. O Carson e a Thays se empolgaram muito com a ideia, uma vez que todos os macacos absolutamente odeiam o Pierre! Essa é uma outra história, mas nós tínhamos a esperança que algum iria atirar cocô nele, para nosso entretenimento. Mas, para nossa tristeza, isso não aconteceu…

As ruínas são enormes, cobrem mais de 16 quilômetros quadrados e contém mais de 3000 estruturas. Caminhamos pelos edifícios mais grandiosos, debaixo de muito chuva e ao final, subimos até o topo do Templo IV, o edifício mais alto das ruínas e que revela uma vista extraordinária de cumes de pirâmides envoltos por névoas no meio da selva fechada.

Nossa próxima parada foi a ilha das Flores, onde passamos uma tarde e noite tranquilas na pequenina cidade colonial e pitoresca no meio do lago Petén Itzá. Dormimos na rua mesmo, após conversar com a polícia local que nos indicou um lugar seguro vigiado por câmeras de segurança. Em seguida nos dirigimos até Rio Dulce, um povoado de apenas uma rua principal onde imensos caminhões disputam o espaço da rua com as barraquinhas dos camelôs, vendedores ambulantes e nós, os infelizes pedestres. Encontramos um lugar para estacionar o Chancho em um hotel enquanto fomos de barco para Livingston, uma cidade na costa do Atlântico onde predomina a cultura Garifuna caribenha. Passamos uma tarde de aventura e caminhadas em meio ao lixo ao longo da praia cuspido pelo mar depois de dias de tempestades. Chegamos a Los Siete Altares, um conjunto de 7 cachoeiras que formam piscinas naturais e terminam na praia. Livingston também foi onde passamos o Dia das Bruxas, e tivemos a feliz surpresa de nos reunir mais uma vez com Jan, um amigo alemão que conhecemos em Belize e acabamos reencontrando no nosso hostel.

Seguimos viagem rumo a Cobán, mas devido à grande distância, tivemos que passar a noite no meio do caminho. Encontramos um posto de gasolina no alto de uma cordilheira de montanhas, onde o dono nos deixou estacionar. O segurança era muito simpático e após nos ajudar a estacionar e conectar o motorhome à eletricidade, foi beber com alguns amigos. Algumas horas mais tarde este mesmo guarda (agora já um pouco bêbado…) bateu na janela do Chancho e nos disse que ele e um amigo estavam indo disparar sua pistola para o alto, mas que não deveríamos nos assustar pois era um procedimento padrão! Também nos disse que a polícia poderia aparecer, mas que tudo não devíamos nos preocupar porque estava tudo bem! Apesar de acharmos tudo muito estranho, voltamos a assistir o filme que estávamos vendo e felizmente nenhuma bala atravessou Chancho.

Nossa base na cidade de Coban pelos próximos 4 dias foi um estacionamento para caminhões atrás de um posto de gasolina. Ficamos conhecidos como os”gringos do estacionamento”! Em Cobán, conhecemos o trabalho da “Asociación de Amigos del Desarrollo y la Paz” e dos “Observatorios Ciudadanos por la Paz”, projetos sobre os quais escreveremos nos próximos posts. A Thays e o Pierre também foram entrevistados em um programa de TV local, onde contaram sobre nosso trabalho e conversaram sobre voluntariado e participação cidadã. O link do vídeo vocês podem encontrar aqui

Depois do trabalho, fomos enfiados em uma van com outras 27 pessoas a caminho de Lanquín, para visitar as famosas piscinas de Semuc Champey. Como o carro estava super lotado (tinha até 5 pessoas no teto!) acabamos com um pneu furado e só depois da troca pudemos seguir caminho para o bonito eco-hostel onde nos hospedamos. Semuc Champey consiste em uma ponte de pedra calcária natural de 300 metros, debaixo da qual passa o Rio Cahabón. No topo da ponte há uma série piscinas naturais de cor azul-turquesa que são perfeitas para nadar. Caminhando de volta para o nosso hotel pouco antes do anoitecer, nos deparamos com morcegos sobrevoando as mesas de jantar e depois de comer fomos dormir pois na manhã seguinte deveríamos começar a percorrer o longo caminho até a capital do país, Ciudad de Guatemala para conhecer as fundadoras da “Red Nacional por la Integridad”, nossa organização parceira na Guatemala!