11-03-2015: Quando o Equador não me quis


15 de junho de 2014 – Escrito por Thays
Um dos maiores obstáculos de uma jornada por terra com essa dimensão é a grande quantidade de fronteiras a serem cruzadas. Fronteiras, apesar de serem linhas imaginárias criadas pelos homens, às vezes significam a entrada em um mundo completamente novo. A América Latina é relativamente semelhante culturalmente, mas há belas diferenças a se descobrir em cada novo país. Na fronteira do Equador me aguardava uma surpresa não muito agradável…
O dia que resolvi sair da Colômbia era também o dia das eleições presidenciais. Por isso, fiquei na cidade da fronteira visitando a bela Catedral (foto no post anterior) enquanto esperava que a fronteira fosse aberta. Apesar da fila no lado colombiano, tudo correu nos conformes. Quando cheguei ao lado equatoriano porém, o oficial que me atendeu me devolveu meus documentos e me disse que eu não poderia entrar no país. Eu fiquei chocada e ele me mandou conversar com seu superior. Em sua sala, descobri que minha saída do país em 2012 após os meses que passei no país como voluntária na Pedal for Change nunca foi registrada no sistema. Basicamente era como se eu estivesse até aquele dia dentro do país ilegalmente. A única prova contrária que eu tinha era o carimbo de saída no meu passaporte.
As autoridades da fronteira do Equador, entretanto, não se importavam com isso pois de acordo com eles o carimbo poderia ser falsificado. Expliquei que o erro não foi meu e eles diziam que antes quando a polícia do país fazia o processo de imigração esses casos eram comuns. Mas mesmo assim eles não estavam dispostos a fazer algo para resolver. A opção que me ofereciam era regularizar a minha saída do país e me dar um visto de no máximo dois dias para cruzar o Equador (sim, é um país pequeno!) e entrar no Peru, meu próximo destino. Acontece que a punição para quem ultrapassa o tempo do visto no país, teoricamente o meu caso, é a impossibilidade de ingressar no país pelos próximos 9 meses.
Eu não sabia o que fazer, e como era domingo de tarde, não havia ninguém com maior autoridade para talvez me ajudar a resolver o problema e já haviam se passado algumas horas que eu estava lá. Insisti que o erro não era meu, que deveria haver algo a ser feito e  comecei a chorar de desespero,até que os convenci que voltaria no dia seguinte para conversar com a diretora para ver se seria possível resolver meu problema. Eles acabaram aceitando e como já era noite, tomei um taxi e acabei entrando no Equador mesmo e passando a noite num hotel do lado de lá.
No dia seguinte, passaram-se 8 horas para que eles resolvessem me ajudar. Depois de muita insistência e argumentação, consegui que eles inserissem no sistema minha saída e a permissão para entrar no país normalmente!
Para espairecer, depois de sair da fronteira visitei o cemitério de Tulcán, a cidade fronteiriça equatoriana. Mas tenho uma boa razão para isso! O cemitério é famoso por seus jardins com obras de arte podadas nos ciprestes, formando esculturas verdes em toda a extensão do cemitério. Um lugar curioso e inusitado.Depois de tanto stress, nada melhor do que lembrar que temos que ficar felizes por estar vivos!