09-11-2013: Deixando o México


Foi difícil carregar todas as nossas coisas de volta no motorhome e deixar tantos novos amigos que fizemos em Tehuacán. Porém, havia chegado a hora de voltar para a estrada. Decidimos que San Cristóbal de Las Casas seria nossa próxima parada mas, devido à longa distância, seria necessário dormir em alguma cidade no meio do caminho. Depois de parar para abastecer, começamos a notar problemas no motor e tivemos que ir bem devagar até chegar à cidade de Coatzacoalcos muito mais tarde do que o planejado. Estava escuro e não queríamos dirigir muito antes de ir a um mecânico para checar o motor, e àquela hora tudo já estava fechado. A Thays conversou com os seguranças da fábrica de cerveja onde paramos por acaso para decidir o que fazer e acabamos dormindo ali mesmo no estacionamento, baixo sua guarda. Este foi lugar mais inusitado onde já dormimos até agora!
 
Na manhã seguinte, levamos o Chancho para o mecânico e descobrimos que o problema tinha sido água no filtro de combustível (aparentemente alguns postos de gasolina no México “batizam” o combustível com água). Felizmente o problema foi fácil de resolver. Voltamos à estrada ao meio-dia e chegamos a San Cristóbal de las Casas naquela noite. Encontramos um bom lugar para camping, só que ficamos atolados na grama enlameada pela chuva! Conseguimos sair depois de empurrar bastante e sujar-nos todos de lama! San Cristóbal de las Casas é uma bela cidade nas montanha do estado de Chiapas, com belas igrejas, arquitetura colonial e forte presença da cultura maia. 
 
Seguimos viagem em um longo dia de travessia pelas estradas montanhosas e cruzando o território zapatista. As comunidades zapatistas são comunidades auto-governadas que rejeitam o controle do governo mexicano. São. na sua maioria, compostas de pessoas indígenas maias que recuperaram a terra para cultivá-la de acordo com suas crenças. Seguem uma mistura de práticas maias tradicionais, anarquismo, marxismo e socialismo libertário. Funcionam muito bem e estão obtendo resultados sociais muito positivos. Para saber mais, clique aqui. 
 
Na estrada, também encontramos alguns grupos de pessoas com cordas esticadas de um lado a outro da estrada. Era um tipo de “pedágio” informal com homens, jovens e crianças pedindo doações para as igrejas locais. Depois de uma parada na cachoeira Água Azul para nos refrescar na água e ver as pequenas cataratas de água azul, chegamos ao nosso próximo acampamento do lado de fora das ruínas de Palenque e no meio da selva. Na manhã seguinte, a tempestade que nos deixou sem eletricidade durante a noite havia terminado e pudemos caminhar até as belas ruínas maias. Antes de deixar a cidade de Palenque tentamos comer em um restaurante local, só que acabamos sendo expulsos aparentemente porque a Thays fez muitas perguntas sobre o cardápio!

 

Nossa próxima parada foi de algumas horas na cidade de Mérida onde em cada esquina pessoas amigáveis nos pararam para conversar e falar sobre a sua bela cidade. Na praça principal, tentamos comprar frutas em uma barraquinha mas descobrimos que era apenas uma montagem que seria usada em um comercial! Vergonha a parte, de tarde voltamos para a estrada onde a polícia local nos parou para revistar o carro. Isso aconteceu duas vezes no mesmo dia, e, depois de revistar nossas malas e armários procurando drogas e armas, nos deixaram partir sem nenhum problema. O mais curioso foi que o único de nós que eles revistaram foi o Pierre! Será por causa da sua barba por fazer e o chapéu empoeirado? Chegamos no meio da tarde na a Pisté, onde depois de buscar sem sucesso um bom lugar para acampar, conversamos com um homem simpático homem local que nos deixou estacionar no quintal de sua propriedade, conectar a eletricidade do motorhome e usar o banheiro de um dos quartos que tem para alugar. Pisté está localizada ao lado das ruínas de Chichen-Itza. Eleitas como uma das 7 novas maravilhas do mundo, estão em uma área bem grande e contém a pirâmide mais alta na América Central. É um local muito mais caro para visitar do que as outras ruínas que visitamos e por estar perto de Cancún recebe muitos e muitos ônibus lotados de turistas a cada dia. Como chegamos bem cedo, pudemos evitar as grandes multidões e desfrutar de uma visita mais tranquila e agradável.
 
Passamos a próxima noite em Cancún em um camping bem isolado da parte turística. Na manhã seguinte tomamos uma balsa para a Isla Mujeres e passamos o dia na praia, fizemos um passeio de snorkel para ver a bela vida marinha nas águas critalinas. Fizemos um “passeio” dirigindo pela área onde estão localizados os mega-resorts e seguimos ao longo da costa para Tulum, parando em alguns belos cenotes ao longo do caminho. Cenotes são um poço natural, ou sumidouro resultante do colapso da camada de calcário que expõe a água subterrânea. São muito comuns na península de Yucatán e alguns eram utilizados pelos maias para fazer oferendas. A água em geral é muito clara e refrescante para nadar, alguns tens tons azuis belíssimos. Ao fazer snorkel em alguns dos cenotes, é como se você flutuasse ao visitar uma caverna, vendo todas as formações de cima mas também com peixes e fauna aquática. Realmente muito bonitos e interessante, e cada um é diferente!

 

Acampamos algumas noites em Tulum ao lado da praia mais bonita que vimos até agora. Apreciamos o céu da noite clara cheio de estrelas e nos reunimos com alguns colegas viajantes, o Jules e a Christine. A Thays conhecia o Jules do Peru, da organização Pisco Sin Fronteras – PSF (onde todos trabalhamos e onde nos conhecemos também!) Passamos um ótimo dia relembrando os tempos em que todos trabalhamos em PSF e compartilhando as histórias de viagens de cada um. Em seguida, rumamos para a fronteira do México com o Belize. 

 
Como podemos resumir o nosso tempo no México? O país superou nossas expectativas em todos os sentidos! É um país extremamente diverso, com interessantes diferenças regionais, comidas e ingredientes saborosos. Achiote (espanhol para urucum), usado para assar carnes, se tornou um de nossos favoritos! As pessoas geralmente são muito amigáveis e prestativas e muitos se tornaram nossos novos amigos. Nós três também aprendemos a viajar como um grupo, nos acostumamos a viajar no Chancho e descobrindo as vantagens e desvantagens de viajar por cidades e países em um motorhome. Nós apreciamos muito trabalhar com a nossa primeira organização parceira e sentimos que foi um intercâmbio muito positivo de idéias, conhecimento e grande aprendizado para todos nós!